terça-feira, 30 de abril de 2013

A menina e o balão


  Dizem que os poetas são aqueles que escrevem as coisas do dia-a-dia com outros olhos. Não sei dizer bem se isso é verdade, mas aqui escrevo uma cena simples de um dia-a-dia qualquer.
  Estávamos no shopping e você me esperava do lado de fora, eu tinha me ausentado por pequenos instantes e quando voltei, te vi ali. Segurando aquele balão que ganhamos, de costas para mim, apoiada no parapeito e completamente distraída. Te confesso que fiquei muito tempo, parado naquele corredor. Não sei dizer se foram meus "olhos de poeta" ou meus simples olhos apaixonados, mas aquela era a cena mais linda que eu já vi.
  Você estava tão natural, tão distraída. Porém, para mim, não existia mais nada além de você, aquela garota delicada brincando com o balão entre os dedos, as pernas cruzadas de modo gracioso, a ponta do pé batendo no chão e o olhar perdido. Queria ter ficado lá por mais tempo, mas meus braços chamaram pelo seu corpo naquele abraço tão simples e gostoso. Então eu ganhei aquele seu sorriso lindo...
  Desculpem poetas...desculpem por não terem os meus olhos e não conseguirem ver o que eu vi. Fiquem com a imaginação da cena descrita, mas acreditem...Não vai chegar nem perto do que eu vi...

terça-feira, 2 de abril de 2013

Pequena Cena


  - Ei! Você esqueceu isso!

  Foi o que o fez parar por um instante e voltar-se para trás. Ela ainda estava com o mesmo sorriso completamente enigmático no rosto, as mãos voltadas para trás. Sem entender direito, aproximou-se dela e foi surpreendido por um abraço forte, um beijo no rosto e sentiu algo caindo sobre o seu bolso. Ficou completamente envergonhado e despediu-se novamente, naquela proximidade era fácil perceber duas coisas: O perfume doce que ela tinha e ele sabia que não ia esquecer tão cedo e a bala de menta que ela estava na boca.

  Depois cada um seguiu o seu caminho, ela tinha um sorriso um pouco mais contente e também o sorriso de alguém que acabou de aprontar algo. Ele ainda estava confuso com tudo aquilo, colocou a mão no bolso e foi surpreendido por uma foto 3x4 dela, no verso a frase “não se esqueça de mim” e uma bala de menta
.
  Ela tinha planejado tudo e mesmo num ato tão simples, tinha conseguido marcá-lo. Porque agora ele girava a bala de menta entre os dedos, lembrando-se do sabor dos lábios dela, as suas roupas estavam com o seu perfume e a foto não o deixava esquecer os momentos que queria reter. Aquilo aumentava a vontade dele de uma forma absurda, queria vê-la, queria tê-la, queria...simplesmente repetir a cena que mais parecia de um filme, ingênuo, doce, bem pensada e principalmente, só deles.

  Afinal as coisas pequenas e particulares são as que te marcam, para algo ou para alguém e são coisas apenas dos dois para os dois...