A vida de escritor às vezes nos
prega algumas peças. Faz um tempo que quero produzir algo e simplesmente não
consigo. Acho que chamam isso de cãibra do escritor (ou qualquer coisa do
gênero). Tentei de tudo: fechar-me no quarto com uma folha e caneta, sair
observando coisas diferentes, tentei escrever por escrever e ver se algo fluía,
fiquei de ponta cabeça com uma maçã na boca (ta, eu não faço isso), reuni todas
as coisas agradáveis e gostosas a minha volta e nada.
E esse é o maior problema, nada
saí e aquilo dentro de você gera um grande incômodo. É como aquela comida que
não lhe caí bem, que fica ali te incomodando, incomodando e querendo sair do
seu corpo de alguma forma. Perdão pela comparação, meus sentimentos e minhas
ânsias não são tão repugnantes assim, pelo contrário, são sentimentos belos e
nobres que querem ganhar voz.
Então,
vamos para a hipótese de que eu sou incompetente como escritor. Não sei
transcrever em palavras as minhas idéias, muito menos torná-las acessíveis para
os outros. Mas não é isso que quero alcançar em meus escritos, quero despertar
nos leitores os sentimentos deles e não os meus.
Termino
então com a minha teoria mais certa: há coisas que eu não consigo explicar, há
coisas que eu não consigo traduzir. São coisas que me pesam, me trazem
responsabilidades, muitas vezes um peso nos ombros. Mas esqueço de tudo isso,
porque são essas coisas também que alimentam o meu amor por você. Eu
simplesmente não sei explicá-lo, não sei traduzi-lo e sempre que vou declará-lo,
pareço um babuíno tentando dizer algumas palavras. Porém os meus gestos, os
meus carinhos e a minha dedicação tentam demonstrar o que sinto. Não tenho
porque continuar esse texto, já lhe disse que não sei explicar esse amor,
abandone essa leitura e venha para os meus braços, viva o inexplicável
comigo...
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