A família real trazia prosperidade
para aquele reino, o rei era uma figura bondosa e com uma visão acima do seu
tempo: as decisões eram certeiras e claras. A rainha não era só sua figura de
apoio, mas também excelente diplomata e estrategista, firmava acordos com uma
facilidade impressionante sempre nas ocasiões certas. O reino podia se
vangloriar da sua economia, cultura e desenvolvimento.
Os cinco resolveram tornarem-se
cavaleiros reais, primeiro porque amavam o lugar onde nasceram, depois porque
desejavam proteger a família real para que eles continuassem fazendo o reino prosperar
daquela forma. Foi uma decisão que partiu do coração dos cinco amigos. Não foi
um caminho fácil, ele foi árduo com vários momentos em que pensaram em
desistir, mas a determinação era gigante e, quando perceberam, eram a única e
exclusiva guarda real.
Mas seus afazeres não eram apenas
os de escolta e proteção da família real, tinham como principal tarefa vigiar e
proteger a jovem princesa. Não era algo fácil: ela era mimada e não gostava de
ser contrariada, forçava os cavaleiros a cumprirem as suas vontades. Inclusive,
eles aprenderam a cantar para satisfazer um desejo sórdidos da jovem princesa.
Eles a viam como um grande contraste ao rei e a rainha, ela parecia ter nascido
com algo diferente, um desejo obscuro e parecia divertir-se em comandar daquela
forma subversiva e abusiva.
O tempo passou e aquela
personalidade obscura da princesa aumentava, os cavaleiros eram humilhados e
obrigados a tentarem cumprir tarefas impossíveis. Conseguiram uma audiência com
o rei, que apenas deu ouvidos a filha que se fez de inocente, culpando ainda
mais os cavaleiros. Só eles conseguiam enxergar aquele sorriso malicioso na face da princesa.
Em um dia
qualquer, algo aconteceu, algo bem ruim aconteceu. O castelo foi invadido por
uma névoa negra e a vida de todos presentes foram sendo sugadas de seus corpos,
uma a uma. Os cavaleiros não estavam prontos para combater aquilo, o que eles
fariam? Tentaram evacuar as pessoas do castelo enquanto ouviam o som de uma
risada conhecida e maléfica as suas costas. Tudo escureceu.
O corpo já não respondia como
antes, a visão era limitada e os pensamentos nublados. A voz não saia com o
comando, as pernas não andavam, eles conseguiam se enxergar e se reconhecerem,
os cinco estavam lá. Mas o que tinha acontecido?
Assustaram-se ao verem que os
cinco estavam mortos, não apenas isso, tinham se tornado zumbis. Ainda assim,
havia algo a mais, não conseguiam se mexer por vontade própria ou sentir
qualquer coisa.
Algo os fez se mover, uma espécie
de cordão invisível parecia puxá-los para o centro do castelo. Andaram em
passos débeis e lentos, contra a própria vontade. Vislumbraram a princesa,
sentada no trono de seu pai. Tudo ao redor eram pilhas de corpos completamente
sem vida.
- Cantem para mim.
Foi a ordem fria e crua. Eles
começaram a cantar contra a sua vontade e assim permaneceriam, como marionetes
do mal que foi se instalando silenciosamente no reino.
Imagem: The choir of the dead
Artista: Gary Laib
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