quarta-feira, 30 de maio de 2012

Palavras


Posso culpa-las por não saberem como expressar esse meu sentimento? Não consigo junta-las, organiza-las de um modo que possa descrever o que eu sinto, esse aperto no peito que pede para ser descrito, compartilhado ou mesmo notado pelos outros, mas que eu não consigo descrever-lo.

Faltam-me palavras, falta-me habilidade para faze-lo e só assim eu sei o quanto sou impotente, o quanto eu não sou onipotente e o quanto eu sou humano. No sofrimento que me aflige eu sangro, na solidão eu preciso de um abraço forte e nas lágrimas...nas lágrimas ficam o meu mundo secreto...e nisso tudo eu sinto falta de alguém que não me pergunte, simplesmente me abrace num gesto singelo de carinho, alguém que me conheça, porque eu mesmo me perdi novamente...

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Olhos de menina


Acho que ficou na minha cabeça a sua frase: Eu ainda queria ser criança. Talvez você não perceba ou ainda não tenha percebido, mas você ainda tem uma coisa de criança. A ingenuidade que você me ressaltou como sempre uma das principais coisas, ela ainda está nos seus olhos de menina, aqueles olhos puros e doces, que resistiram ao passar do tempo, que mesmo assistindo tantas quedas do seu corpo, mesmo passando por tantas coisas, ainda continuam puros.

E tudo parece mais lindo visto deles, não é? Assim, meu reflexo quando eu olho profundamente para eles, é um reflexo puro da qual os meus olhos não me deixam ver. Mas os meus também são curiosos, eles enxergar o mundo de uma forma diferente e, a mim, mágica. E não é à toa que eles ainda te enxergam como uma doce criança. Não no sentido pejorativo da coisa, mas no sentido mais puro da palavra. E isso se confirma quando eu vejo seus olhos, seus olhos de menina.

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Eu lembro da primeira vez que a gente se viu. Nós dois tínhamos dezesseis anos, mas você não sabia a minha idade; achou que eu era mais velha por causa do meu jeito de falar e do meu trabalho, mas as mechas cor-de-rosa do meu cabelo te deixavam confuso, não é mesmo? E eu fiquei olhando pra você um tempão enquanto você escrevia no caderno. Havia tantos rostos novos naquela sala, mas o seu me cativou.

Eu lembro da primeira vez que a gente saiu. Foi para jogar boliche e todo mundo foi junto, eu tentei jogar com a mão direita e você disse: "Achei que tu era canhota.". Isso ficou na minha cabeça o tempo todo porque você prestou atenção e eu achei bonito. Quando fomos nos despedir -- e foi a primeira vez que você me tocou -- você segurou meu rosto com uma das mãos e me deu um beijo no maxilar.

Eu lembro de muitas coisas. Lembro de como você ficou arrasado quando não conseguiu aquilo que você queria tanto; lembro de como você nem foi se despedir de nenhum de nós e eu me senti culpada por acreditar tanto em você. Lembro de você falando do show do Green Day, me contanto das suas músicas favoritas, batucando na mesa e no chão. Lembro de você falando algo sobre romantismo, mas não sei exatamente o que era.

Lembro da semana passada, quando eu te vi no meio da multidão e fiz com que você me visse também. Você me abraçou e eu coloquei meu braço em volta da sua cintura, fiquei olhando pra você o tempo todo enquanto ouvíamos o povo falar e a gente não se desgrudou mais, né? Eu fiquei com cara de idiota a noite toda, não conseguia parar de sorrir. Você me deixa feliz de um jeito estranho, um jeito só nosso.

E depois de tanto tempo nós continuamos os mesmos: gravitando um em direção ao outro, arrumando desculpa para nos virmos. A sua mão vai de encontro ao meu braço toda vez que estamos próximos e eu tento dizer "Não me solta. Fica comigo porque eu estou perdida e pior que isso não pode ficar."

Mas aí eu lembro que eu sou sozinha e você é de todo mundo, e não sei se prefiro te sentir no corpo ou no coração.

domingo, 27 de maio de 2012

Maçã do Amor

[Só porque eu fui na Quermese hoje]


Acho que o amor deixa você ver as coisas como uma maçã do amor, por mais que a metáfora seja estranha é mais ou menos assim. Uma maçã normalmente é algo muito sem graça, mas enche os olhos dos casais, dos apaixonados e de quem passa quando está assim, com essa cobertura. E a maçã, sem graça e inotável, passa a ser vista com outros olhos. E assim é quando se está apaixonado, as coisas sem graças são vistas com outros olhos e tudo parece um motivo para sorrir, para contemplar, para lembrar. E tudo parece tão doce, tão vermelho, tão...

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Brisas do vento



Espero que desta vez, o vento me ajude. Sussurrei besteiras de amor para ele, contei sobre você. Ele riu de primeira, mas deve ter sentido uma leve pena ao ver a falta que você me fazia. E como favor, ele estará passando aí no seu quarto, invadindo-o, tocando a sua face num afago singelo, levemente gélido e delicado, sussurrando em seus sonhos as minhas besteiras de amor...

quinta-feira, 24 de maio de 2012

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Tenho histórias que não suportaria dividir. Tenho segredos escondidos tão profundamente que nem mesmo os conheço. Eles são como as notas guardadas em um cofre, ou moedas em um jarro de vidro. Fatos desconhecidos, memórias esquecidas, sonhos esfarrapados -- eles formam pequenos tijolos de barro e se acumulam. Fileiras de pequenos tijolos de barro escuro e vermelho, inseparáveis devido a algum tipo de força, uma espécie de instinto de autopreservação. Uma parede cuidadosamente construída ao longo de tantos anos.
E nem mesmo um tornado pode derrubá-la.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Equilibrista




                A brisa noturna, levemente fria, toca o seu rosto num beijo ao mesmo tempo gélido e acolhedor. Levantando a cabeça, apenas ouve-se o vento e vê-se o imenso caminho escuro. As luzes da cidade brilhando lá embaixo parecem à luz que você tanto procura. A corda balança, o corpo vacila e você apóia-se, nessa corda bamba.
                Como um equilibrista estático, sem a certeza de querer continuar, sem a possibilidade de poder voltar, os passos a frente são vacilantes, precisam ser friamente calculados, um deslize e tudo acaba. O suor corre frio, cai e perde-se na imensidão da queda abaixo. Parado, nessa dúvida, ao seu lado passa um pássaro.
                A imagem clara e pura, da ave voando para onde queria livre das correntes que o prendem ao chão. A beleza daquele vôo iluminou os olhos do equilibrista, que deslumbrou fascinado cada segundo daquela aparição, esquecendo-se completamente que estava sobre a corda bamba. Um sentimento libertino tomou conta do equilibrista. Que se cansou dos atos calculados, cansou-se do auto-policiamento. Libertou-se das correntes que o prendiam aquela corda bamba, libertou-se de si mesmo e jogou-se em direção as luzes da cidade, sabendo que pela primeira vez, era livre...

O menino e seu livro





                Era um garoto quieto, todos o conheciam, mas ninguém se aproximava muito dele, ele permanecia recluso em cantos sempre afastados. Debaixo do braço carregava sempre um pequeno livro, completamente surrado e velho. Quando ele não estava observando o movimento das pessoas, estava a olhar aquele livro, sem nem ao menos virar as páginas e sempre sorria ao que via.
                As pessoas oscilavam entre a curiosidade por aquele livro e um certo medo, talvez o garoto fosse louco e assim, perigoso. As outras crianças o achavam estranho e não se aproximavam. Ainda assim, o garoto parecia calmo consigo mesmo, feliz consigo mesmo e sempre que algo o perturbava, ele abria aquele livro e voltava a sorrir.
                Certo dia, como qualquer outro, um acidente tomou o local. Um carro desgovernado em alta velocidade acertou o pequeno garoto. Que faleceu pouco tempo depois. Tentaram socorrê-lo, em vão. Um velinho que passava por ali esbarrou no antigo livro do garoto. Abriu-o e não pode deixar de chorar.
                Naquela página havia apenas um espelho, sujo, borrado, que mal refletia a própria imagem. O velho chorou ao se ver ali. Chorou por ter se esquecido da pessoa mais importante na vida dele, ele próprio. Por a tanto tempo, como todos os outros que tentavam observar aquele livro, curiosos, deixaram-se levar sem nem ao menos olharem para si e por um momento, todos eles pareciam iguais aos olhos do velho senhor, que voltou a olhar para o espelho e sorriu. Assim como o garoto, que se lembrava dele mesmo todos os dias, que sorria ao ver que ele ainda era ele mesmo e ao mesmo tempo, segurava-se na única coisa concreta que possuía: Ele próprio. Não era loucura, não era besteira. É simplesmente um ato que todos nós esquecemos e pouco a pouco, abandonamos a nós mesmos para nos tornarmos todos iguais. A singularidade superada por uma vontade de inclusão tão grande, que perdemos o sorriso. O louco tão isolado, que esquecemos que somos também, todos, loucos...

terça-feira, 22 de maio de 2012

Novo passo, novo começo


  Olá todos os meus Fãns (já comecei viajando). Estou aqui para começar novamente! Sim, o blog agora terá dois autores! Estou dividindo o Blog com a minha grande, magnifica e adorável amiga Tori (Damsel in Blue, sim, eu gostei da alcunha).

  Portanto ele passará por pequenas modificações, primeiro no intuito inicial do blog. Ele irá se tornar um espaço variado. Irá de assuntos diários e impressões, até poesias sofisticadas (Propaganda enganosa) e crônicas. Sendo um espaço do nosso universo que dividiremos com vocês.

  Então, só tenho uma coisa a dize-los. Sejam bem vindos e esse é o nosso mundo!



First author: Fake Angel.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

New Step


A música que toca na minha cabeça nesse momento. Ela não possui olhos azuis, é verdade, mas o resto da música conta. É um sentimento estranho, que me consome a mente e a atenção de um modo idiota. Idiota porque é a única coisa que consigo pensar, aquele sorriso que me cativa, aquele jeito que me alegre, e por mais que meu discurso é de alguém que tanto a conhece, você é praticamente uma desconhecida para mim. E esse desconhecido me atrai, me dá vontade de conhece-la mais, me instiga a isso.

Já não sei como fazer um texto bonitinho, já não sei como fazer um texto falando desse sentimento que me toma sem ele ser idiotamente idiota. Mas deixo no fim, o que o grande escritor Fernando Pessoa disse:


Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.

Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.

As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas