A brisa
noturna, levemente fria, toca o seu rosto num beijo ao mesmo tempo gélido e
acolhedor. Levantando a cabeça, apenas ouve-se o vento e vê-se o imenso caminho
escuro. As luzes da cidade brilhando lá embaixo parecem à luz que você tanto
procura. A corda balança, o corpo vacila e você apóia-se, nessa corda bamba.
Como um
equilibrista estático, sem a certeza de querer continuar, sem a possibilidade
de poder voltar, os passos a frente são vacilantes, precisam ser friamente calculados,
um deslize e tudo acaba. O suor corre frio, cai e perde-se na imensidão da
queda abaixo. Parado, nessa dúvida, ao seu lado passa um pássaro.
A
imagem clara e pura, da ave voando para onde queria livre das correntes que o
prendem ao chão. A beleza daquele vôo iluminou os olhos do equilibrista, que
deslumbrou fascinado cada segundo daquela aparição, esquecendo-se completamente
que estava sobre a corda bamba. Um sentimento libertino tomou conta do
equilibrista. Que se cansou dos atos calculados, cansou-se do
auto-policiamento. Libertou-se das correntes que o prendiam aquela corda bamba,
libertou-se de si mesmo e jogou-se em direção as luzes da cidade, sabendo que
pela primeira vez, era livre...
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