segunda-feira, 28 de maio de 2012

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Eu lembro da primeira vez que a gente se viu. Nós dois tínhamos dezesseis anos, mas você não sabia a minha idade; achou que eu era mais velha por causa do meu jeito de falar e do meu trabalho, mas as mechas cor-de-rosa do meu cabelo te deixavam confuso, não é mesmo? E eu fiquei olhando pra você um tempão enquanto você escrevia no caderno. Havia tantos rostos novos naquela sala, mas o seu me cativou.

Eu lembro da primeira vez que a gente saiu. Foi para jogar boliche e todo mundo foi junto, eu tentei jogar com a mão direita e você disse: "Achei que tu era canhota.". Isso ficou na minha cabeça o tempo todo porque você prestou atenção e eu achei bonito. Quando fomos nos despedir -- e foi a primeira vez que você me tocou -- você segurou meu rosto com uma das mãos e me deu um beijo no maxilar.

Eu lembro de muitas coisas. Lembro de como você ficou arrasado quando não conseguiu aquilo que você queria tanto; lembro de como você nem foi se despedir de nenhum de nós e eu me senti culpada por acreditar tanto em você. Lembro de você falando do show do Green Day, me contanto das suas músicas favoritas, batucando na mesa e no chão. Lembro de você falando algo sobre romantismo, mas não sei exatamente o que era.

Lembro da semana passada, quando eu te vi no meio da multidão e fiz com que você me visse também. Você me abraçou e eu coloquei meu braço em volta da sua cintura, fiquei olhando pra você o tempo todo enquanto ouvíamos o povo falar e a gente não se desgrudou mais, né? Eu fiquei com cara de idiota a noite toda, não conseguia parar de sorrir. Você me deixa feliz de um jeito estranho, um jeito só nosso.

E depois de tanto tempo nós continuamos os mesmos: gravitando um em direção ao outro, arrumando desculpa para nos virmos. A sua mão vai de encontro ao meu braço toda vez que estamos próximos e eu tento dizer "Não me solta. Fica comigo porque eu estou perdida e pior que isso não pode ficar."

Mas aí eu lembro que eu sou sozinha e você é de todo mundo, e não sei se prefiro te sentir no corpo ou no coração.

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