“Histórias? Tsc...”
Sentado o escritor jogava para a rua o papel completamente
amassado de seus escritos, pegou um cigarro e o tragou, mas logo a chuva que
caia sobre o seu corpo naquele banco da praça o apagou.
“Maldição”
Logo começou a pensar sobre as histórias, todos querem ouvir
histórias de amor, histórias interessantes e envolventes. A vida dele não era
assim, era quieta, mórbida e quase nada acontecia. Ainda assim seu nome estava
nas capas de revistas, era contado para crianças pequenas que se maravilhavam ao
ouvir o enredo bem estruturado dos seus contos. Mas a vida não mudava, estava
estática.
“Mentiras para suprir o ego das coisas que ele não pode
fazer...”
De fato, são mentiras contadas com gosto, estruturadas para
nos enganar e nos fazer ir para outro mundo, era assim que ele pensava. Queria
voltar para casa e queimar todos os livros, queimar todos os escritos, grande
difamadores da mentira da vida! Grande desilusores das mentes apaixonadas!
Tinha ódio da própria profissão, repulsa por ter iludido tanta gente!
Até que em meio a chuva um casal de namorados dividia um
guarda chuva, na janela da casa a frente um menino brincava com uma espada de
madeira e uma capa, ao seu lado uma pessoa brigava com uma árvore tentando
salvar um gato dali e então ele percebeu que a injustiça era apenas dele. Os
contos, as crônicas todas existem, dentro de nós, dentro de nossas almas,
corações e todas elas são possíveis, desde que passamos a acreditar no que
escrevemos. Essas letras, essas palavras são nossa alma, posta em código para
serem partilhadas, assim como os sentimentos nela expostos, para serem sentidos
e mais do que isso, para serem vividos, quantas vezes o livro durar, quantas
vezes a memória deixar...
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