domingo, 28 de outubro de 2012

História sobre história




“Histórias? Tsc...”

  Sentado o escritor jogava para a rua o papel completamente amassado de seus escritos, pegou um cigarro e o tragou, mas logo a chuva que caia sobre o seu corpo naquele banco da praça o apagou.

“Maldição”

  Logo começou a pensar sobre as histórias, todos querem ouvir histórias de amor, histórias interessantes e envolventes. A vida dele não era assim, era quieta, mórbida e quase nada acontecia. Ainda assim seu nome estava nas capas de revistas, era contado para crianças pequenas que se maravilhavam ao ouvir o enredo bem estruturado dos seus contos. Mas a vida não mudava, estava estática.

“Mentiras para suprir o ego das coisas que ele não pode fazer...”

  De fato, são mentiras contadas com gosto, estruturadas para nos enganar e nos fazer ir para outro mundo, era assim que ele pensava. Queria voltar para casa e queimar todos os livros, queimar todos os escritos, grande difamadores da mentira da vida! Grande desilusores das mentes apaixonadas! Tinha ódio da própria profissão, repulsa por ter iludido tanta gente!

  Até que em meio a chuva um casal de namorados dividia um guarda chuva, na janela da casa a frente um menino brincava com uma espada de madeira e uma capa, ao seu lado uma pessoa brigava com uma árvore tentando salvar um gato dali e então ele percebeu que a injustiça era apenas dele. Os contos, as crônicas todas existem, dentro de nós, dentro de nossas almas, corações e todas elas são possíveis, desde que passamos a acreditar no que escrevemos. Essas letras, essas palavras são nossa alma, posta em código para serem partilhadas, assim como os sentimentos nela expostos, para serem sentidos e mais do que isso, para serem vividos, quantas vezes o livro durar, quantas vezes a memória deixar...

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