quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Wait


  O poeta sentou-se no banco de sempre, na estação combinada. Ajeitou-se no banco que já tinha sua marca registrada, que guardava uma série de memórias tristes e alegres. Foi ali que eles se encontraram a primeira vez, foi ali que eles se despediram tantas vezes e as marcas das lágrimas ainda pareciam claras. Ao seu lado, ajeitou também a rosa que sempre trazia a ela.

  Esperou, esperou e esperou. Os trens passavam junto as horas, pessoas circulavam: umas apressadas, outras perdidas, outras marcando encontros, outras se despedindo e outras se encontrando. E ele esperava ali, quase estático alimentando a vaga esperança, caçando entre a multidão o rosto conhecido que tanto esperava.

  Continuou na sua espera, a rosa murchará e morrerá ali. Levantou-se do banco, desistindo da espera que tanto o torturava. Olhou para trás na esperança de vê-la, seguiu em passos lentos na esperando de ouvir o "Me espere" que nunca veio...

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Você


  E hoje vou dormir ainda ouvindo o som das suas risadas. Mais gostosas do que elas é saber que eu as provoquei. O tempo simplesmente voo e eu nem o vi passar. A noite agora tem uma cara nova, mais alegre, assim como as suas risadas.
  Durmo com um sorriso, um sentimento gostoso de poder voltar a falar com você, de saber que tudo foi um  mal entendido.
  Obrigado e boa noite.

domingo, 26 de agosto de 2012

Uma ligação perdida



Pego o celular, disco o número de sempre.

1 - Alô?
2 - ...
1 - Alô? Alô? Oi?
2 - ...
1 - Alô? Ta me ouvindo? Vou desligar.
2 - ...

Telefone desliga. Fico olhando para ele por algum tempo. Não tive coragem de dizer nada, disco de novo.


1 - Alô?
2 - ...

1 - Alô? Você deve estar de brincadeira. Isso é um trote?
2 - ...

1 - Olha, para de ficar me ligando, isso não tem graça!
2 - ...

Desligou de novo. Olho novamente o celular, acendo um cigarro enquanto olho as pessoas lá fora. Disco de novo.


1 - Alô? É a última vez que atendo.
2 - ...

1 - Já vou desligar, seu engraçadinho!
2 - Eu te amo...

1 - ...
2 - E só queria ouvir sua voz...uma última vez.

1 - ...
2 - ...

1 - Eu também te amo.
2 - ...

1 - Volta pra mim?

Telefone desliga.








sábado, 25 de agosto de 2012

9


Isso é para as pessoas que eu nunca conheci. Escrevo isso para a pessoa que eu poderia ter beijado caso tivesse pego o metrô em uma linha diferente na semana passada. Para a pessoa que eu seria se aquela garota não tivesse partido o coração adolescente de meu pai. Isso é para as pessoas que eu teria amado neste inverno se não estivesse ocupada sendo tão fria, e para a cidade que eu chamaria de lar se eu soubesse tocar gaita e andasse por aí recitando poesia em cafés. Para os amigos que eu teria feito se escrevesse meu telefone em guardanapos de papel e guardasse canetas nos bolsos da minha jaqueta surrada. Isso é para quem eu fui, sou e poderia ser. Isso é para você.

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Crônica de amor



  Pensei em escrever uma crônica sobre o amor. Fiquei praticamente o dia todo pensando no que escrever. Podia ser uma história de um casal de jovens que se conhecem de modo inusitado, ou um casal de idosos que se reencontram após anos, ou então aqueles amigos de infância que se apaixonam depois de tanto tempo. Podia ser algo mais comum e corriqueiro, um casal que irá se casar, outro que terá um filho...
  Enfim, havia inúmeras possibilidades, inúmeras idéias até eu me deparar com o crucial...
  Eu não preciso escrever uma crônica de amor! É só observá-la ao meu redor, ela está em todo lugar, em todo casal que existe e que está para existir.
  Então, por que você não me conta a sua crônica de amor?

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Admirador Secreto



  Primeiro, gostaria de agradecer a Lara, minha norinha, pela inspiração. Espero que ela não tenha sido em vão.

  Estava sentado naquela árvore, dali tinha uma boa visão da janela da casa. A tarde estava ensolarada, o que a fazia ir até a janela para abri-lá. Pequenos instantes em que eu podia contempla-lá, meus olhos fixavam-se nela e tudo sumia, aqueles poucos segundos pareciam uma eternidade a passar, mas logo voltava a mim quando ela saia do meu campo de visão.
  Minha mão foi até a minha face, sentindo o rubor que a aquecia, a porta da casa se abriu e ela logo saiu, passando reto por mim. Não tive coragem de virar os olhos, talvez por medo que ela visse o meu olhar tão...apaixonado. Me aproximei e sentei embaixo da sua janela, olhando o horizonte que ela também olhava quando a abria, jurando sentir o perfume doce que o quarto dela tinha. Tirava um bloco do bolso e uma caneta.
  Ela chegava de noite, todo dia a sua porta havia uma carta. O conteúdo era algo que ela guardava para si, uma visão diferente, elogios que ela nunca tinha ouvido com um misto de doçura e delicadeza que a encantavam. Porém eram apenas as cartas que ficavam ali, não havia assinatura, não havia rastros da pessoa que a deixava. Imaginava quem poderia ser, como ele poderia ser, sabia apenas que com certeza se apaixonaria por pessoa tão doce.

  O dia seguinte logo chegou, um mês havia se passado nesse jogo. Ele nunca tinha coragem de contar quem era, mas sempre estava sentado sobre aquela árvore. Ela cansou de sonhar, então resolveu ver quem era a pessoa. Saiu de casa, passou pelo garoto, mas logo deu a volta no quarteirão, entrando pela porta dos fundos. Um misto de medo e ansiedade se apossaram dela, que ficou ali, atrás da porta, apenas esperando a carta chegar.
  Ele foi até a porta e deixou a carta, decidido que aquela era a última. Ele era sonhador, mas precisava tocar a vida para frente, era medroso demais para dizer o que escrevia, para mostrar-lhe a cara, para...Parou de pensar e virou as costas e quando foi caminhar, a porta da casa se abriu....

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Nossa noite


  Estávamos deitados juntos, nossos corpos ainda se encaixam tão bem...Foram feitos um para o outro e dormir de conchinha nunca foi tão fácil. O seu calor me contaminava e me acalmava de um modo que não consigo descrever, as noites frias e sós que a tanto me incomodavam foram substituídas por aquele sentimento de aconchego. Mas eu sabia que eram os meus braços que a deixavam segura, aquela face de aborrecimento sumiu, dando lugar a sua face terna e manhosa. Como eu estava com saudades de ver essa sua faceta...
  Não sei se a noite foi fria, se foi quente, o mundo simplesmente sumiu ao nosso redor, importava que você estava ali, agarrada a mim. Minha mão percorria cada pequena curva da sua face, em afagos delicados para não despertá-la. Mal sabe você que meus lábios imitaram o sorriso quase inconsciente e muito sonolento que você moldou enquanto eu lhe fazia carinho.
  E claro, eu roubei, não dormi de imediato junto a você, fiquei esperando pelo momento mágico que estava para acontecer. Você adormeceu, ali, do meu lado e em meus braços. Disse a você que amava ver a sua face calma dormindo e também segura sabendo que estava em meus braços, seu porto seguro. Fiquei um tempo a contempla-la dormindo de modo tão delicioso, até que você começou a se mexer. Ri e disse a você para parar de se mexer tanto ou eu iria cair, lembro-me apenas de você resmungar algo com aquela voz manhosa e virar-se. Quando eu menos percebi, sua cabeça estava apoiada em meu peito, seu corpo junto a mim e eu simplesmente beijei seus lábios para depois sussurrar:
  - Boa noite...
  Foi uma das noites mais tranquilas que tive, um sono gostoso com um sonho que prolongou nosso encontro, quando despertei você já tinha ido, para um dia que não sei como começou ou como será. Sei apenas que conseguiu, mais uma vez, me deixar com a cabeça nas nuvens. Me pôr em um perigo de vida, quase fui atropelado inúmeras vezes, simplesmente pensando naquele curto espaço de tempo, que foi nosso e simplesmente nosso.

For: Soph <3
By: Fake Angel

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Escrever?


  Ah! Me sinto traído, traído por mim mesmo e pela minha mente. Por que ela resolveu simplesmente se acalmar quando meu coração está tão agitado? Eles se divorciaram, enquanto meu coração explode em meu peito, em lágrimas de súplicas para que eu o represente, minha mente a trapaceira. Completamente fria, ela simplesmente ignora o meu coração, tenta abafar os gritos dele com tamanha calmaria, assim como tentamos sorrir nos momentos ruins.
  Estou no meio de uma guerra entre dois lados que sempre se deram tão bem juntos. E me sinto o culpado por tamanha separação. Abusei de ambos num impulso caótico de querer idéias, numa abstinência absurda desse hobbie que cultivo. E minha mente foi a primeira a fazer o motim, a desistir de me dar idéias para colorir esse lugar, já meu coração sempre gostou do colorido, o consome como quem consome um doce e logo quer mais. E ele então implora a mim, então eu abuso da minha mente e isso se torna um ciclo vicioso.
  Mas hoje, quebrou-se o ciclo. Sobrou a folha branca e sem graça, as palavras frias desprovidas de qualquer fonte de calor. Sobrou o desconexo que são as palavras no meu coração como uma última cartada, uma última súplica para que a mente volte a ela. E que volte a ser racional o irracional e irracional o racional...

sábado, 11 de agosto de 2012

Saudade


  Pouco penso sobre mim, muito sobre você. Você forçou todas as outras coisas da minha mente a irem embora e restou apenas você ali, assim como em meu coração. E apenas falo de você, apenas respiro você e apenas quero você.
  Escrevo sobre você em clichês monótomos, mas não é porque escolho isso, é porque não consigo pensar em nada, apenas em seu sorriso, em seus olhos, nos momentos em que passamos juntos, no calor da sua pele e na sua voz. E não há como escrever tudo isso, são sensações que meu corpo simplesmente se lembra, sente saudades e guarda na memória (e no coração).
  Fica então um post chato, sem graça, sem emoção. Mas que deixou registrado esse momento em que eu sucumbi, nas saudades que me consomem e me obrigam a pensar em ti. E quando você fechar os olhos, talvez todos os sentimentos que se abatem sobre mim cheguem até você e quem sabe, você também não para para pensar em mim, para sentir saudades de mim...

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Trace



  Uma crônica com um pouco de verdade, com um pouco de ficção...
  Acordei e ainda estava escuro, não enxergava absolutamente nada. As mãos tocaram a parede fria e logo recuaram, num impulso por terem tocado algo tão oposto ao seu quente corpo. Mas as convenci a tatearem a parede fria em busca da iluminação.
  Os olhos ainda estavam fadigados, jurava ver um pequeno fio ligando o quarto a sala. Cego, segui o fio imaginário e descobri que ele não era assim tão imaginário. Fui invadido pelo seu perfume no meio do caminho, um rastro fraco que ficou sobre o corredor que ia aumentando enquanto eu caminhava em direção a sala. O coração palpitava, minhas mãos suavam, aquele perfume tinha todos os seus traços, despertavam todas as minhas memórias. Suor, gemidos, o calor as mãos tateando o seu corpo a respiração pesada e...
  Tudo para. Numa fração de segundo que durou séculos, banhada pelos raios de luz do raiar do dia, você ainda estava lá, com todos os seus traços que tanto lembrava e cravando rastros no meu apaixonado coração.

domingo, 5 de agosto de 2012

O reino de cada um



  Permita-me dizer de onde veio a idéia desse post: Eu não me lembro! Tenho aquela sensação nostálgica de que já li sobre o que vou aqui discorrer em algum lugar, pior, de alguém próximo. A esse alguém, peço perdão por me esquecer de tal idéia e de lhe "roubar" a idéia, queria pôr aqui os créditos, porém não lembro de quem foi a idéia original. De qualquer forma, não será a mesma coisa afinal o autor é diferente.


  A vida parece nos tirar muitas coisas, parece nos padronizar em tantas outras. Quando vemos, somos iguais em um mundo de iguais, não há o que se gabar por ter diferente...Não há? É aqui que todos nós nos enganamos. No mecanicismo da rotina fria e igual há sempre uma fuga da alma humana, os sonhos. Os sonhos são como um reino próprio de cada um, expressam desejos, expressam vontades e lembranças (mesmo que "mascarados") e ali podemos ser quem queremos ser, podemos ter o que queremos ter, ir onde queremos ir ou seja, somos donos de tudo.
  Por isso sonhar é tão importante, é o facho de esperança que caí sobre nós. Há muitos outros é claro, como o amor, segundo discorreu maravilhosamente a minha amiga Dani. De qualquer forma, todas são formas de escape, que nos ajudam a pouco a pouco, construir o nosso próprio reino. E logo estaremos como o Pequeno Príncipe, em nosso próprio planeta com coisas que parecem iguais aos outros, mas ao mesmo tempo com uma diferença crucial: Elas foram coisas cativadas por você e por isso são únicas.
  E pouco a pouco construímos o nosso céu, pedacinho por pedacinho, brigando por um lugar nele, estilizando-o como queremos e quando pronto, repousamos na mais calma certeza ou na mais quente esperança, de que um sonho bom simplesmente virá.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Jardim secreto de Alice



Acordei pensando em duas histórias que deram título a essa postagem: Alice no mundo das maravilhas e o Jardim Secreto.

Penso então que eu também possuo um jardim secreto em um lugar como o país das maravilhas. Explico: Sempre penso que vejo muita coisa, penso em muita coisa, sinto muita coisa que simplesmente não compartilho com ninguém. Ou com medo de me acharem louco, ou por me faltar palavras ou simplesmente ocasião. Tudo isso deve estar em um lugar, faz parte de mim, faz parte da minha história. Tudo isso está num lugar que transcende a simples memória, deles eu fiz um Jardim Secreto. A localização é sempre um segredo, mas garanto que assim como o Mundo das Maravilhas, é um lugar único, mágico e lindo. Onde as memórias juntam-se e misturam-se com os sentimentos, criando um turbilhão único que só se sente naqueles momentos fortes. Guardo a chave em algum lugar, mas quem sabe eu não a deixe com alguém, algum dia...