terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Foto


  Tentei juntar as antigas fotos, as antigas cartas para reconstruir o meu passado. Imaginei que assim entenderia o meu presente e predicaria o meu futuro.
  Mal sabia eu o quão errado eu estava, olhar as fotos faziam sim eu voltar ao meu passado, mas olhava-o de um modo diferente, o que parece óbvio não me era até eu sentir e me deparar com aquilo: eu já não sentia o que as fotos queriam registrar.
  Fosse os amores antigos, a risada registrada, a dor das lágrimas ou o calor de uma praia, tudo isso era reconstruído na minha memória de modo frio e racional, como meras cenas que passaram em cenários quaisquer.
  Mas meu corpo não sabe muito bem mentir. Ele as vezes sente uma pontada no peito, devido ao vazio que você deixou, sorri sem motivo naquela foto alegre e sente-se saudoso quando vê a praia. Descubro que no final, por mais mentiroso que eu queira ser, eu simplesmente não consigo.
  Meus versos são essa prova. Finjo amar, mas no fundo sei que amo, finjo estar chorando, mas por dentro estou dilacerado. Finjo ser escritor, bom...esse eu finjo mesmo.

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