quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Postes de luz



  É como naqueles filmes hollywoodianos. O ar obscuro enquanto você anda numa rua deserta, levanta a gola do cassaco para se proteger do frio que faz as suas bochechas corarem, mas não de um jeito bonito ou gracioso, simplesmente de frio, levanta os ombros para se proteger melhor e caminha.
  A sua sombra é a sua única companheira, o barulho dos seus passos fazem ecos, num jogo de sons e visões para não te fazer parecer tão solitário, parece que caminham ao meu lado, parece que tenho companhia... mas pior de tudo isso são os momentos reflexivos, embalados pelo clima do andar.
  A lua ilumina fracamente a rua que é mais bem iluminada pelos postes de luz. Levanto o olhar em direção a eles, forçam meus olhos a se cerraram e por vários instantes encaro a luz sem sair do lugar, até voltar a andar.
  Engraçado como as pessoas, as minhas relações, as minhas memórias são como esses postes de luz que magicamente vão se apagando quando eu passo por eles, deixando a rua atrás de mim escura. Assim são as minhas relações, as pessoas veem, aparecem, gravam suas memórias, sua ternura, seu carinho ou o que quiserem gravar e então o tempo passa, a vida corre e eu as apago ou elas simplesmente me apagam. As luzes vão se apagando uma a uma até a rua se tornar um completo breu e eu nem sei para onde estou caminhando.
  Mas toda lâmpada, toda luz ainda deixa resquícios e em meio as sombras, ainda é possível ver a fraca luz piscar, deixam também sensações como aquele gostoso calor que aquece as suas mãos quando se está perto. E no fim, eu não sou o aniquilador de todas as luzes, sempre há um acendedor de lâmpadas atrás de mim, cuidando para que essas luzes não se apaguem e quando todas se acendem, continuo o meu caminho, afinal eu consigo enxergar à frente e até onde eu preciso ir...

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